COMPLEXO DE DOENÇAS RADICULARES NA CULTURA DA SOJA

COMPLEXO DE DOENÇAS RADICULARES NA CULTURA DA SOJA

Data: 15 de julho de 2024

A podridão de carvão, causada pelo fungo Macrophomina phaseolina, afeta as raízes e o caule da soja, podendo causar em situações mais severas, a morte prematura das plantas.

A doença está presente nas diferentes regiões sojícolas do país, afetando significativamente a cultura durante todo o ciclo. A infecção tende a causar danos mais severos quando ocorre escassez hídrica e altas temperaturas. Os sintomas ocorrem de forma isolada ou em reboleiras causando uma espécie de “murcha” precoce das plantas. Os folíolos secam inicialmente e permanecem aderidos ao pecíolo.

Na raiz observa-se uma coloração acinzentada, onde a epiderme da raiz se solta facilmente, expondo os microesclerócios. Essas estruturas de sobrevivência do fungo são as principais fontes de inóculo para os novos cultivos, pois se mantém viáveis no solo.

A ocorrência de doenças radiculares são influenciadas pelos componentes físicos, químicos e biológicos do solo.

Nesta safra, outra doença que tem chamado a atenção é o Cancro da Haste ou Podridão Seca da Soja. Sua ocorrência está associada a um complexo de espécies do gênero Diaporthe spp., comumente conhecido também como Phomopsis spp.

Os sintomas iniciais são pequenos pontos negros na haste da planta que evoluem para manchas alongadas ou elípticas, podendo apresentar coloração negra para castanho-avermelhada.

As infecções precoces causam danos severos nas hastes resultando em quebra de plantas e acamamento. As lesões são profundas e causam necrose na medula, consequentemente promovendo a morte precoce da planta.

De forma geral, solos em desequilíbrio físico-químico devido a compactação, ausência de rotação de culturas e sob deficiência nutricional são mais propensos a infecção por essas espécies de fungos. Neste cenário, as plantas concentram seu sistema radicular de forma superficial.

Quando ocorrem os chamados “veranicos”, devido estresse hídrico pela escassez de chuva e altas temperaturas, ficam muito mais suscetíveis ao ataque desses fungos de solo.

O sucesso no controle de patógenos de solo reside na ação preventiva por meio da restauração da comunidade microbiana e da estrutura física do solo.

O ambiente favorável para o desenvolvimento radicular da cultura da soja é construído desde muito antes da semeadura. Práticas conservacionistas como a rotação de culturas e o aumento da matéria orgânica do solo são fundamentais para a melhoria química, física e biológica.

As espécies gramíneas e culturas de cobertura no sistema agrícola, além de preservar a fertilidade do solo, promovem um ambiente propício para o desenvolvimento de microrganismos benéficos, capazes de combater os patógenos.

Outro ponto importante, é a escolha da cultivar. A menor incidência destas doenças ocorre quando há tolerância genética ao ataque destes patógenos, ou também, na condição de um sistema radicular mais robusto e vigoroso.

O controle químico por meio do tratamento de sementes é uma estratégia eficiente, no entanto torna-se mais efetivo quando associado ao manejo biológico. A adição de fungicidas microbiológicos a base de Bacillus amyloliquefaciens ou Trichoderma harzianum são estratégias fundamentais para tornar o solo um ambiente favorável ao desenvolvimento de plantas e organismos benéficos.

Os agentes de controle biológico são capazes de colonizar efetivamente a rizosfera das plantas, proporcionando proteção das raízes devido a competição com os patógenos. Além disso, os efeitos de indução de resistência e promoção do crescimento radicular contribuem para uma menor incidência das doenças radiculares como Macrophomina sp. e Diaporthe spp.

O manejo das doenças radiculares deve integrar várias ferramentas no sistema de cultivo, especialmente as de controle biológico. O manejo de entre-safra com Trichoderma harzianum, a partir da pós-colheita da soja, é um exemplo de estratégia eficaz para evitar perdas no futuro.

O controle das doenças radiculares na cultura da soja ainda é um desafio. No entanto, a melhor estratégia dependerá da adição do controle biológico no sistema produtivo.

Eng.ª Agrônoma Heloísa Schmitz -  Desenvolvimento de Mercado Bioagreen

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