Trichoderma e Bacillus no controle de Mofo Branco na cultura da Soja
Trichoderma e Bacillus no controle de Mofo Branco na cultura da Soja
Data: 15 de julho de 2024
O controle biológico de pragas e doenças, por meio do uso de agentes de biocontrole, traz como grande benefício a diminuição de populações de pragas ou microrganismos patogênicos.
No controle de doenças, os agentes de biocontrole protegem as plantas por meio de diferentes mecanismos: através do controle direto do patógeno por antibiose, parasitismo, predação e competição ou através da planta induzindo a sua própria defesa.
Os produtos formulados para controle biológico são oriundos principalmente de extratos naturais ou resultado do processo de fermentação de microorganismos, fungos e bactérias.
As formulações adotadas podem ser misturas simples de microrganismos com atividades específicas ou misturas complexas apresentando metabólitos os quais geram efeitos complementares, aditivos ou sinérgicos, nos processos fisiológicos de defesa do hospedeiro ou ação direta no patógeno alvo.
As espécies de bactérias do gênero Bacillus têm sido utilizadas para aumentar a resistência de plantas a estresses ambientais de origem biótica (como ataque de pragas e doenças) e abióticas (excesso de calor, déficit hídrico, salinidade ou toxidez por nutrientes). Além disso, os Bacillus atuam como promotores de crescimento e como indutores de resistência contra doenças e praga.
Pesquisas demonstram que as bactérias do gênero Bacillus são encontradas em ambientes variados: no solo, rizosfera, plantas, serrapilheira, matéria orgânica, água e alimentos, por exemplo.
Essa variedade de ambientes se deve ao longo período de coevolução dos Bacillus em nosso meio, proporcionando, a esses agentes, habilidades/funções de controle biológico de doenças de parte aérea e radicular.
Um dos fungos patogênicos mais agressivos a cultura da soja é a Sclerotinia sclerotiorum. A Podridão-de-Sclerotinia ou Mofo Branco, capaz de parasitar mais 400 espécies vegetais, é considerada uma ameaça à viabilidade de culturas
agrícolas como a soja e o feijão em regiões em que o clima favorece seu ciclo.
Em pesquisa conduzida na cidade de Vacaria-RS no ano de 2021, foram avaliados fungicidas microbiológicos à base de fungos e bactérias no controle de Mofo Branco em três esquemas:
Esquema 1: 4 diferentes fungicidas à base de Trichoderma spp. aplicados em pré-semeadura e no estágio V4 da soja;
Esquema 2: os mesmos 4 diferentes fungicidas à base de Trichoderma spp. aplicados em pré-semeadura, e estágios V4, V9, R4 e R5 da cultura da soja;
Esquema 3: repetição do esquema 1 (4 diferentes fungicidas à base de Trichoderma spp. em pré-semeadura e no estágio V4) seguido por aplicações do fungicida Duobac (Bacillus amyloliquefaciens e Bacillus subtilis) em V9, R4 e R5.
O trabalho demonstrou a importância do uso de Trichoderma em présemeadura e nos estágios iniciais da cultura, momento em que as entre-linhas encontravam-se abertas, observando-se redução na incidência da doença.
“Adição do produto à base de B. amyloliquefaciens e B. subtilis incrementou a produtividade da cultura da soja.”
Da mesma forma, observou-se que a aplicação de Trichoderma em estágios mais avançados de desenvolvimento da planta (V9, R4 e R5), agregaram 8% de controle em relação a aplicação de fungicidas a base de Trichoderma apenas nos estágios pré-semeadura e V4.
Para as mesmas aplicações em V9, R4 e R5, o uso do fungicida de Duobac (Bacillus amyloliquefaciens e Bacillus
subtilis), proporcionou redução de 15% na incidência de Mofo Branco (Figura 1), demonstrando ser a melhor
opção para pulverização em pós emergência da cultura a partir do fechamento de linha.
Da mesma forma, a produtividade foi impactada positivamente pelo uso dos fungicidas microbiológicos, sendo o fungicida Duobac a base de Bacillus spp. o que proporcionou a maior produtividade média para as diferentes combinações de aplicação em pré-semeadura e V4 (Figura 2).
M.Sc. Lucas Drebes - Fitopatologista Agrum Agrotecnologias